sexta-feira, 17 de abril de 2009

He’s going the distance/ He’s going for speed

É oficial: os difusores do BGP 001, da Williams FW31 e da Toyota TF109 foram julgadas pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA) como dentro do regulamento, para o ódio das rivais Ferrari, Renault e RBR. Contestava-se a altura da peça traseira conhecida como difusor, que tem como função gerar empuxo aerodinâmico, aumentando a aderência e portanto velocidade do veículo. Mas em algumas análises, a parte que superava o limite de 17,5 cm de altura não fazia parte do difusor, e sim como uma parte do aerofólio. A Ferrari, em uma declaração de Stefano Domenicali, o chefe da Scuderia Ferrari, ainda espera sair o laudo das avaliações da Corte de Apelação Internacional. Apesar disso, as 7 equipes que não utilizavam a peça da discórdia devem se adaptar o quanto antes. Algumas, que já haviam começado a alterar seus projetos, devem ter os novos carros já para o GP da China neste final de semana: a Renault, a RBR, a BWM, a McLaren e a própria Ferrari (esta última em informação de uma fonte não revelada) já fazem estudos para as modificações desde o final de março, no mínimo. Mas a liderança do campeonato ainda pertence a Brawn GP. Com 15 pontos (lembrando que o GP da Malásia só teve metade de sua pontuação) o líder Jenson Button tem 5 pontos de vantagem para o seu companheiro de equipe, Rubens Barrichello, e 6,5 para Jarno Trulli, da Toyota. A atual pontuação coloca a Brawn GP como líder do Campeonato de Construtores por quase 10 pontos, enquanto a poderosa Ferrari amarga dividir a lanterna com a Force India. E o mentor dessa façanha que é a Brawn GP já foi o engenheiro-chefe e estrategista da equipe italiana.

A estreante Brawn GP fez história com seu BGP 001 e colocou mais um recorde na carreira do engenheiro Ross Brawn: desde 1977 não se via uma equipe vencer uma corrida em sua estréia, com a Wolf de Jody Scheckter. Mais: desde 54, não se via uma equipe fechar o primeiro e o segundo lugares de um GP, com as Mercedes de Fangio e Kling. Um orgulho para o projetista Jörg Zander, e um reconhecimento definitivo e total da força que é Ross Brawn na F-1. O BGP 001 ainda surpreende na asa dianteira, com a altura mínima da competição, a única equipe a ter essa proximidade com o solo logo na entrada do carro; nas entradas de ar pequenas e mais curtas; e na decisão de não utilizar o novo sistema KERS (Kinetic Energy Recovery Systems), o que melhora o equilíbrio e distribuição de peso do veículo.

Com os polêmicos difusores, acredita-se que a Brawn GP e as outras duas equipes chegavam a ganhar cerca de meio segundo por volta em relação aos rivais. Agora que esta diferença tende a se equiparar, pois nenhuma equipe pode se dar ao luxo de ficar sem essa alteração, resta saber se a genialidade de Ross Brawn vai além do uso inteligente da aerodinâmica, e o GP da China será decisivo para mostrar se o BGP 001 realmente é o fórmula do ano ou apenas o seu difusor.

70 anos de Guerra Civil

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O Instituto Cervantes de São Paulo promove até 23 de abril (isso mesmo, quinta-feira que vem) uma caliente programação em memória da guerra civil espanhola, um conflito que pôs fim à república e fez subir ao poder um coleguinha de War de Hitler: Franco.

Um grito na parede

Durante a guerra, além do rádio e das revistas, a maneira mais eficiente de comunicação era o cartaz. O Instituto expõe até 23/04 uma coleção de cartazes da Fundação Pablo Iglesias, que são, literalmente, um grito colado na parede contra os franquistas. Os republicanos recorreram aos melhores artistas e cartazistas da época, que com uma arte de vanguarda, captaram as lágrimas e suor do confronto. Em tempo, vá de guarda-chuva.

A Fundação Pablo Iglesias contém mais de dois mil exemplares do cartazismo espanhol,
alguns deles na exposição e outros no catálogo que é distribuído na entrada. Exato, os cartazes do folheto não estão expostos. Mas os que estão, conseguem transmitir a profundidade da guerra e a íntima ligação entre o conflito e a cultura. Mas cuidado com a causa republicana; a propaganda é ótima, é comovente.

Registros de Guerra

Em colaboração à iniciativa do Instituto Cervantes, a Cinemateca Brasileira exibe até 19/04 filmes documentários e de ficção sobre o tema. Os filmes exibi
dos, diferentemente dos cartazes, não são unilaterais. Há registros das duas frentes, como L’Espoir – Sierra de Teruel que narra a guerra sob a perspectiva republicana, e Unbändiges Spanien que é uma montagem alemã e aborda os acontecimentos posteriores, como a colaboração entre a República Alemã e a Espanha franquista (sim, este último tem legenda em português). Serão exibidos ainda curtas-metragens da CNT, com reportagens da Guerra Civil.

Literatura

No dia mundial do livro (23/04), artistas e escritores fazem a leitura de poetas consagrados e engajados contra o totalitarismo, como Pablo Neruda, García Lorca, Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira.

Dentre os convidados estão os ótimos escritores contemporâneos Marcelino Freire e Alice Ruiz, além do chileno Héctor Hernandes, da Argentina Rocío Cerón e de outros nomes envolvidos com a literatura latino-americana. Uma oportunidade ótima para socializar com nossos hermanitos.

¡Ojo!

Cartazes da guerra civil espanhola
De 02/04 a 23/04, seg. das 8h às 20h, ter. a sex. das 8h às 21h e sáb. das 09h às 15h.
Espaço Cultural do Instituto Cervantes (Av. paulista, 2439) - Grátis

A Guerra Civil Espanhola 70 anos depois
de 15/04 a 19/04, vários horários.
Cinemateca Brasileira – Sala BNDES (Largo Senador Raul Cardoso, 207) – R$ 8,00/R$ 4,00 (meia)

Poesia e Guerra Civil: diálogos e intervenções
23/04, às 19:30h
Auditório do Instituto Cervantes – Grátis.


quarta-feira, 15 de abril de 2009

Caros Amigos fazendo escola com a Veja.

Seu professor sempre te disse que a Veja não presta não é? Dizia que a mídia era manipuladora não é? Que não se deve confiar no jornal nacional? Bom, ele estava certo até certo ponto, mas se ele te disse que a Caros Amigos era a revista mais idônea da face da Terra, meu caro amigo, ele te enganou!

Infelizmente o mundo não é tão simples assim.
A Caros amigos deste mês, na coluna "entrelinhas - a mídia como ela é" de Hamilton Octavio de Souza traz uma afronta a todos os princípios jornalísticos. Sabe aquela coisa chamada "checar informação" ou "compromisso com a verdade"? Inexistiu nesta matéria!

Em um parágrafo intitulado "Formação Questionada", Hamilton Octavio diz:

"A polêmica da ditabranda causou alvoroço entre os estudantes de jornalismo da ECA- USP (sim.. verdade...), já que a Folha de São Paulo e outros veículos da imprensa burguesa são donos de uma disciplina naquele curso (hã?). Como é possível formar jornalistas se os professores distorcem a história do páis (onde? quando?) para esconder as barbaridades da ditadura?"

Acho que faltou pauta pra ele e sobrou para nós, estudantes de jornalismo da USP. Vou contar duas coisas que tornam isso mais claro. Essa disciplina existe, mas nem a Folha e nem nenhum outro "veículo da imprensa burguesa" são "donos" desta disciplina. O professor titular desta matéria é um professor da ECA que convida veículos da grande imprensa (ou "veículos da imprensa burguesa" caso você preferir) para debates em aula. É uma matéria optativa, com palestrantes convidados por este docente da USP, e não uma disciplina implantada pelos "veículos da imprensa burguesa".

Outra coisa! Nós estamos no primeiro ano de jornalismo, temos uma matéria chamada "Fundamentos Teóricos da História" e nossa primeira aula foi justamente um debate seguido de uma redação para entregar sobre o editorial da Folha em que foi lançado o termo (já batido, diga-se de passagem) "ditabranda". Toda a santa aula desta nossa professora nipônica, que leciona dançantemente a matéria, teve, nem que fosse como nota de rodapé, uma crítica, um adendo, uma alusão ao artigo já maldito entre os bixos de jornalismo que são e serão obrigados a ouvir sobre ele até o fim das aulas de Fundamentos Teóricos da História.

Agora você está chocado com esta revista que era seu estandarte, seu ponto de apoio para formar suas opiniões sem medo da verdade estar distorcida? Pois é! Desta vez estava, e muito! Teve alvoroço sim no início das aulas desta disciplina. Queriam fazer uma manifestação contrária ao editorial, mas os palestrantes eram apenas jornalistas da Folha que não apoiariam a opinião alheia com o risco de perder o emprego, ainda que concordassem com os estudantes.