quarta-feira, 15 de abril de 2009

Caros Amigos fazendo escola com a Veja.

Seu professor sempre te disse que a Veja não presta não é? Dizia que a mídia era manipuladora não é? Que não se deve confiar no jornal nacional? Bom, ele estava certo até certo ponto, mas se ele te disse que a Caros Amigos era a revista mais idônea da face da Terra, meu caro amigo, ele te enganou!

Infelizmente o mundo não é tão simples assim.
A Caros amigos deste mês, na coluna "entrelinhas - a mídia como ela é" de Hamilton Octavio de Souza traz uma afronta a todos os princípios jornalísticos. Sabe aquela coisa chamada "checar informação" ou "compromisso com a verdade"? Inexistiu nesta matéria!

Em um parágrafo intitulado "Formação Questionada", Hamilton Octavio diz:

"A polêmica da ditabranda causou alvoroço entre os estudantes de jornalismo da ECA- USP (sim.. verdade...), já que a Folha de São Paulo e outros veículos da imprensa burguesa são donos de uma disciplina naquele curso (hã?). Como é possível formar jornalistas se os professores distorcem a história do páis (onde? quando?) para esconder as barbaridades da ditadura?"

Acho que faltou pauta pra ele e sobrou para nós, estudantes de jornalismo da USP. Vou contar duas coisas que tornam isso mais claro. Essa disciplina existe, mas nem a Folha e nem nenhum outro "veículo da imprensa burguesa" são "donos" desta disciplina. O professor titular desta matéria é um professor da ECA que convida veículos da grande imprensa (ou "veículos da imprensa burguesa" caso você preferir) para debates em aula. É uma matéria optativa, com palestrantes convidados por este docente da USP, e não uma disciplina implantada pelos "veículos da imprensa burguesa".

Outra coisa! Nós estamos no primeiro ano de jornalismo, temos uma matéria chamada "Fundamentos Teóricos da História" e nossa primeira aula foi justamente um debate seguido de uma redação para entregar sobre o editorial da Folha em que foi lançado o termo (já batido, diga-se de passagem) "ditabranda". Toda a santa aula desta nossa professora nipônica, que leciona dançantemente a matéria, teve, nem que fosse como nota de rodapé, uma crítica, um adendo, uma alusão ao artigo já maldito entre os bixos de jornalismo que são e serão obrigados a ouvir sobre ele até o fim das aulas de Fundamentos Teóricos da História.

Agora você está chocado com esta revista que era seu estandarte, seu ponto de apoio para formar suas opiniões sem medo da verdade estar distorcida? Pois é! Desta vez estava, e muito! Teve alvoroço sim no início das aulas desta disciplina. Queriam fazer uma manifestação contrária ao editorial, mas os palestrantes eram apenas jornalistas da Folha que não apoiariam a opinião alheia com o risco de perder o emprego, ainda que concordassem com os estudantes. 


5 comentários:

  1. Acho que a informação da Caros Amigos de que a ECA tem uma diciplina ministrada pela Folha veio da propria Folha, que na semana seguinte deu essa noticia no jornal.....

    e tambem nao da pra confiar em uma revista declaradamente esquerdista, e como voces devem saber, Karl Marx nao era tao amigo assim da liberdade de imprensa..

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  2. Mandou ver, Cleyton!
    Fiquei feliz porque a gente teve a oportunidade de defender nosso curso aqui no blog. As disciplinas citadas pela reportagem são totalmente opcionais e nenhum "veículo da imprensa burguesa" manda lá em coisa alguma.
    Quero ver o que a Mitika vai achar de terem dito que ela "distorceu a história do país para esconder as barbaridades da ditadura".

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  3. Isso não justifica, Firas.. se a Folha errou a Caros Amigos também tem que errar? Ela nunca pensou em checar informação? Agem pela lei do menor esforço?!

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  4. Essa matéria é co-patrocinada pela Folha. Existem outras duas matérias assim, uma patrocinada pela Abril e uma pela Globo.
    Link: http://www.direitoacomunicacao.org.br/novo/content.php?option=com_content&task=view&id=2753

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