sexta-feira, 29 de maio de 2009

A Despedida

O dia 29 de maio de 2009 começou cinzento na capital paulista, como um dia de luto deve ser. Poderá ser o último a ver uma edição do jornal Gazeta Mercantil.


Capa da edição do dia 29/05/09 da GZM, possivelmente a última do jornal

Em comunicado publicado na data, a Companhia Brasileira de Multimídia, através de sua Editora JB S.A. informou que não mais publicaria o periódico, deixando-o inteiramente nas mãos do Sr. Luiz Fernando Ferreira Levy e sua Gazeta Mercantil S.A. como responsável pela edição e comercialização deste.

Os problemas econômicos que suscitaram tal ação por parte da CBM já vem de longa data. Segundo o site Comunique-se, há cinco meses os correspondentes do jornal não recebiam ajuda de custo em suas matérias, tendo que tirar dinheiro do próprio bolso para realizá-las, uma mostra de dignidade, honra, caráter e integridade, mas principalmente, de força de vontade por parte de seus membros. Em declaração para o mesmo site, Djair de Souza Rosa, diretor jurídico do grupo CBM, coloca que a razão para este afastamento se deve a errônea atribuição de dívidas “que absolutamente não são da Editora JB, e sim da Gazeta Mercantil S.A., de propriedade do Sr. Luiz Fernando Levy. Não há implicação de multa à parte que rescinde, dadas as razões da rescisão enumeradas no ‘Comunicado’” publicado na capa do jornal desta segunda-feira. Apesar disto, o advogado Carlo Frederico Muller, representante da Problem Solver, depositária da marca do jornal, diz que a tentativa da CBM de se ausentar destes débitos é inócua, pois “já houve reconhecimento da solidariedade da CBM a essa dívida, e não cabe recurso ao mérito”.

É triste, para nós colegas de trabalho, vermos, sem chance de resposta, um jornal do porte da Gazeta Mercantil sair de circulação. Porém, o que mais acredito impactar em todos os membros desta profissão é que este fim não se dá pelo recuo da mídia impressa, mas sim por uma má gerência da publicação. Não pretendo aqui fazer críticas à CBM ou a Gazeta Mercantil S.A., ou aos seus proprietários, mas quero deixar meus agradecimentos ao corpo de jornalistas que constituíram (e, espero eu, voltem a constituir) esta publicação, e a todos que um dia ajudaram na manutenção e preservação deste jornal.

Para aqueles que querem saber mais sobre a história desta publicação e dos seus percalços, recomendo este texto, do Sr. Thales Guaracy, que trabalhou na GZM desde de 1986.

http://www.comunique-se.com.br/index.asp?p=Conteudo/NewsShow.asp&p2=idnot%3D52302%26Editoria%3D237%26Op2%3D1%26Op3%3D0%26pid%3D115823828241%26fnt%3Dfntnl

E que melhores dias cheguem até nós.

Um comentário:

  1. De fato, é lamentável que ocorra isso com um jornal do porte da Gazeta Mercantil, que apesar de eu nunca a ter lido, sei do peso que o nome impõe.Pelo menos não se trata de um "recuo da mídia impressa" como o David bem ressaltou. Pior seria se fosse uma tendência. Quem sai perdendo somos nós, futuros jornalistas.

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